images/imagens/1200x700.png

São diversos os casos de comunidades, pequenas cidades e mesmo cidades de porte médio, como Araraquara, que adotaram localmente políticas de prevenção, monitoramento e cuidado baseadas em evidências científicas, além de redes de apoio e solidariedade, que permitiram bons números no combate ao Covid-19 e salvar vidas.

foto mareO complexo da Maré, no Rio, com 17 favelas e 140 mil moradores, é o exemplo trazido essa semana pela jornalista Cláudia Collucci da Folha de S. Paulo [Link]. Os dados são impressionantes: na Maré, em 10 meses, de julho de 2020 a maio de 2021, os óbitos por 100 mil habitantes caíram de 148 para 57; enquanto no município do Rio, no mesmo período, passaram de 115 para 233 por cem mil habitantes.

O exemplo da Maré, onde nasceu e militou Marielle Franco, e que conta com dezenas de organizações comunitárias e entidades atuantes, demonstrou a importância no foco na atenção primária, na comunicação combatendo fake news, na testagem em massa e no acompanhamento dos casos por meio do sistema Conexão Saúde, criado pela Redes da Maré e Fiocruz com demais parceiros privados.

Comunidade organizada, instituição pública de pesquisa e ciência, entidades do terceiro setor e parceiros privados fizeram na Maré uma aliança para demonstrar que territórios de vulnerabilidade, como este e muitos outros no Brasil, são também territórios de esperança. A sociedade brasileira não aceita mais a necropolítica atual. A maré vai virar, já virou na Maré, vai virar em todo o país.

[Pedro Arantes, Professor da Unifesp e pesquisador SOU_CIÊNCIA]

Foto: Paul Heritage