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Vacinação em duas doses, contudo, ainda é a medida mais emergencial

Embora ainda não seja consensual por não haver evidências mais robustas, cresce a necessidade de terceira dose das vacinas (para as que requerem duas doses) para obter maior proteção contra a Covid-19.  Boa parte dos especialistas brasileiros começa a apontar essa necessidade, pois já existem dados de outros países. Por isso, é preciso começar este planejamento agora.

Nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou que irá trabalhar para liberar a terceira dose. Parece algo contraditório, já que no Brasil apenas atingimos 50 milhões com esquema de vacinação completo, pouco mais de 24% da população. Este assunto está crescendo, pois um estudo em Israel evidenciou uma queda de anticorpos neutralizantes após seis meses de vacinação, sendo que o país optou principalmente pela vacina da Pfizer. Mais além, os dados mostram um aumento rápido de casos e de internações em vários países, devido à disseminação da variante delta. Esta variante está atingindo principalmente os não vacinados, mas também os mais idosos, que têm um sistema imunológico que responde diferentemente.

Na cidade do RJ, a variante delta representa mais de 57% dos casos e ela é muito mais transmissível que a variante gama (que surgiu no Brasil e que é predominante até o presente momento). Por conta da variante delta, o CDC nos EUA retomou a necessidade do uso de máscaras e decidiu indicar a utilização uma terceira dose, ou dose de reforço, em pessoas com deficiência imunológica.

No Brasil, teremos que correr com as duas coisas, continuar vacinando as pessoas em primeira e segunda dose, além de garantir e planejar a dose de reforço para os profissionais de saúde, pacientes acima dos 80 anos e imunossuprimidos. Não podemos correr o risco de termos a vacinação incompleta, mas já temos que pensar no futuro próximo, sempre com base nas evidências científicas. Falando em evidências, a Universidade de Oxford divulgou recentemente um levantamento de que a aplicação do esquema vacinal completo, ou seja, as duas doses para as vacinas que requerem duas doses, é a prioridade, pois elas são efetivas contra a variante delta. Enquanto isso, vamos nos preparar para indicar a terceira dose como e para quem for indicado. Neste sentido, a Unifesp iniciou um estudo com voluntários que receberam duas doses da CoronaVac para receberem a terceira dose dos diferentes imunizantes, para verificar a capacidade de cada um na produção do reforço nos anticorpos e na proteção contra a doença Covid-19.

Mas, o mais importante agora é entender que a pandemia não acabou, apesar da suspensão precoce de medidas de quarentena em alguns lugares. Que devemos continuar a vacinação e principalmente, o uso de máscaras adequadas e sem aglomerações.

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[Soraya Smaili é professora da Unifesp e coordenadora do SOU_CIÊNCIA]