images/imagens/1200x700.png

Atualização sobre estudos da ivermectina:  ciência avança, mas ainda sem evidências e sem consensos

Recentemente, recebemos a divulgação de um artigo que trazia uma meta-análise sobre a ivermectina, com resultados muito positivos. Não sem razão, noticiamos os dados, mas nos mantivemos cautelosos em nosso artigo para o portal do SOU_CIÊNCIA. Ao final do comentário, salientamos que muitos dos estudos não apresentavam os dados ou careciam de metodologia clara.

Uma semana depois, vemos que o estudo principal que encorpou a meta-análise publicada no dia 6 de julho foi retirado pelos autores devido a “preocupações éticas”. Outros pesquisadores e cientistas verificaram várias falhas ao checarem os dados e a metodologia. Com isso, voltamos à situação de indefinição em relação ao uso da ivermectina no tratamento da Covid-19 e aguardamos os resultados de um novo estudo realizado pela Universidade de Oxford (veja aqui). Fazemos aqui dois alertas: 1) que a ciência é feita de dados e evidências obtidas através da realização de estudos que devem seguir todos os padrões de qualidade (método, controles, randomização e transparência nos dados); 2) que é preciso juntar evidências para a formação de consensos.

O caso da ivermectina nos mostra também como a ciência se diferencia da pseudociência, e que a ciência precisa respeitar o seu tempo de maturação para produzir resultados confiáveis e não ser acelerada ou mal utilizada para fins de propaganda.

No momento, só o que podemos dizer é que a ivermectina não é uma opção para tratar a Covid-19, vamos continuar estudando e analisando os dados até a formação de um consenso definitivo.

Comentário sobre este link

[Soraya Smaili, é professora da Unifesp e coordenadora do SOU_CIÊNCIA]