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O relatório sobre clima divulgado parcialmente pela ONU recentemente faz o alerta e a ciência pode ajudar a definir o futuro

O IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) lançou a primeira parte de seu relatório geral, a ser completado em 2022. Há uma versão resumida e uma completa, com apresentação de mais dados científicos. Este novo relatório aborda o meio físico com análises calibradas por dados mais precisos e modelos de previsão aprimorados nos últimos anos. Mudanças climáticas são um fenômeno natural, mas nossas ações no último século e meio as intensificaram e alteraram seu ritmo para outra escala de tempo, com graves consequências.

Além do panorama global, o relatório também aponta previsões regionais para que governos locais ajam na minimização das causas e efeitos do aquecimento global. Apoiar-se na ciência será decisivo para nosso futuro. No Brasil, há diferenças marcantes entre as macrorregiões, com aumento da duração e frequência de secas no Centro-Oeste, Norte e Nordeste, e aumento da frequência de chuvas torrenciais e alagamentos no Norte, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, entre outras.

Dentre os efeitos das mudanças climáticas, cita-se prejuízos vultosos por conta dos impactos na produção de alimentos, transporte e habitação, além do surgimento de mais refugiados climáticos. Será desafiador para os países reconstruir mais vezes as cidades devido a eventos climáticos extremos mais frequentes, reorganizar a sociedade local, bem como lidar com o aumento da probabilidade de novas pandemias globais.

O relatório aponta saídas: é necessário reduzir de forma imediata, rápida e em larga escala a emissão de gases estufa. A garantia de condições climáticas menos hostis demanda reestruturar a forma como lidamos com a natureza, com a economia e com o modelo de organização social, entre outros aspectos. Isso envolve cooperação mútua entre governos, mas também a consciência de uma postura individual firme e imediata sobre como consumimos bens e usufruímos de serviços. No relatório, os cientistas citam Saint-Exupéry: “Quanto ao futuro, não se trata de prevê-lo, mas de torná-lo possível”.

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Décio Semensatto é professor da Unifesp e pesquisador do SOU_CIÊNCIA