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Governo chileno projeta alto investimento em P&D, acima da média latinoamericana

O Chile pode se transformar em uma potência em energia alternativa se ampliar o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) como aponta o programa de governo apresentado por Gabriel Boric, eleito em dezembro do ano passado. Dobrar o aporte de recursos de 0,34% para 0,68% do PIB em P&D colocará o país acima da média latinoamericana, que está atualmente em 0,63%, segundo o Informe sobre el Estado de la Ciencia 2020 da Red de Indicadores en Ciencia y Tecnología (RICYT). Se este aumento for de fato sustentado, pode propiciar uma transformação econômica no país, permitindo uma melhor utilização do cobre para o desenvolvimento e manufatura de ligas voltadas para a área de energia, assim como a exploração sustentável das reservas de lítio que ficam em território chileno.

Um dos focos do programa é o investimento em pesquisa para adaptação às mudanças climáticas, objetivo especial para um país que presidiu a Conferência das Partes da Convenção do Clima. Neste contexto, a transição energética aspirada por quase todos os países do mundo pode ser ainda mais palpável para o Chile, que tem mais de 50% de sua matriz energética de fontes térmicas. Basta saber utilizar os recursos de que dispõe para o alcançar essa transição.

Ainda que o programa de governo tenha apontado para a realização de investimentos em todas as áreas da ciência, indicada como a melhor estratégia de investimento em Ciência e Tecnologia (C&T), segundo a literatura internacional, os acordos fechados recentemente em relação à pesquisa na Antártica e os compromissos de reduzir as emissões de carbono a zero vão precisar de um montante de recursos muito superior ao pouco mais de US$ 1 bilhão investidos hoje em P&D. A equipe de Gabriel Boric deve muito provavelmente saber disso.

[Mariana Moura é pós-doc do SoU_Ciência]