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Dados preliminares já mostram que a imunização pode diminuir fortemente os casos graves e os óbitos em pacientes com Covid-19 

A pandemia não acabou e há novas variantes em circulação, como a delta. Essa variante, inclusive, está crescendo em alguns locais no Brasil. “Por esse motivo, a vacinação contra a Covid-19 precisa continuar e acelerar”. A afirmação é da Dra. Soraya Smaili, farmacologista e professora da Escola Paulista de Medicina, Reitora da Unifesp no período 2013-2021 e atualmente coordenadora no Centro de Saúde Global (CSG) da universidade e do Centro SOU Ciência. 

Recentemente, o Ministério da Saúde registrou um aumento de 86% no número de casos de Covid-19 pela variante delta. Os números mostram que não podemos baixar a vigilância. 

"Os dados que temos até aqui já mostram que a vacinação está diminuindo o número de casos graves e os óbitos em pacientes com Covid-19. Por isso, precisamos continuar e até acelerar o esquema de vacinação. O ideal seria antecipar a aplicação da segunda dose, para que mais pessoas possam receber o esquema completo o quanto antes. Quanto mais pessoas estiverem vacinadas, mais protegidos estaremos”, afirma Soraya.

“Em relação à terceira dose, é uma medida importante para as pessoas de mais idade e imunossuprimidos. Não devemos correr para receber a terceira dose, porque ela ainda não é para todos. A prioridade é aplicar a segunda dose. Vamos continuar conversando com as pessoas para não deixarem de se vacinar e para tomarem a segunda dose de acordo com o esquema da sua cidade", diz também. 

Uso de máscaras atua junto com as vacinas no combate ao vírus

Há poucos dias, um estudo com mais de 340 mil pessoas pré-publicado em uma importante revista científica trouxe resultados que confirmam o que temos dito: as máscaras são muito eficazes para impedir a transmissão e a disseminação do vírus da Covid-19. 

O estudo demonstrou que nos grupos que foram incentivados a utilizar a máscara e que efetivamente usaram, as taxas de contágio pelo coronavírus foram mais baixas. Os resultados também mostraram que máscaras de maior qualidade oferecem maior proteção. 

Além disso, o estudo mostrou que o uso de máscaras aumentou nos grupos que foram melhor informados e incentivados a utilizá-las. "Isso mostra a importância de ações afirmativas e de campanhas específicas para o uso de máscaras, o que, infelizmente, não tem sido feito em nosso país". comenta Soraya Smaili. 

"Não podemos, em hipótese alguma, deixar de usar as máscaras. As evidências científicas mostram que essa é uma medida eficaz, capaz de evitar a transmissão do vírus. Ela atua em dupla com a vacinação nesse combate à pandemia, lembrando que a vacina não impede a transmissão, ela ajuda a evitar a doença grave e a morte. Por isso, a máscara precisa ser usada mesmo por quem já recebeu a segunda dose. Não há o que vacilar, por enquanto a máscara é parte de nosso vestuário e deve ser usada contínua e corretamente. Todos podemos fazer a nossa parte, a informação é a nossa maior proteção”, afirma Soraya.

A importância da imunização de jovens contra a Covid-19

Por fim, é importante destacar a imunização dos jovens na garantia da cobertura vacinal do Brasil. No país, foram registradas cerca de 2.400 mortes de pessoas com menos de 19 anos por Covid-19, sendo 43 óbitos por milhão. Nos Estados Unidos, foram 444 mortes em pessoas com menos de 21 anos (5,8 por milhão). No Reino Unido, foram 3 mortes por milhão. Ou seja, as taxas de mortalidade do Brasil são cerca de 7 a 15 vezes maiores que as dos EUA e do Reino Unido, respectivamente, segundo dados da AAP (American Academy of Pediatrics) de 02 de setembro. 

"No Brasil, os jovens começaram a ser vacinados, algumas cidades e estados já iniciaram a vacinação nos adolescentes abaixo de 18 anos. O Ministério da Saúde está recomendando a vacinação em adolescentes entre 12 e 17, mas que seja aplicada primeiro nos adolescentes com deficiências permanentes e naqueles com comorbidades. É uma importante medida neste momento, mas sem parar ou desacelerar a vacinação em adultos”, explica Soraya. 

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