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 Mesmo entre bolsonaristas, a preservação da vida supera escolhas ideológicas: somente 1 em cada 5 apoiadores confia nos pronunciamentos do presidente

Sobreposição estática

Ao longo de um ano e meio de pandemia e quase 600 mil mortes, o presidente Jair Bolsonaro minimizou a doença, abertamente desrespeitou os protocolos de evitar aglomerações e utilizar máscara, apoiou o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra o vírus e com efeitos colaterais, como a cloroquina e a ivermectina, não apoiou nem se empenhou pela vacina, defendeu a imunização de rebanho e criticou a parceria do Instituto Butantã USP para a CoronaVac.  Contudo, a pesquisa de opinião realizada pelo SoU_Ciência sobre a percepção das Universidades, da Ciência e do SUS pela sociedade brasileira traz um dado revelador sobre a confiança da população nos posicionamentos públicos do presidente acerca da pandemia: se 23% da população considera o governo ótimo/bom, apenas 8,8% considera os pronunciamentos de Bolsonaro como "informação confiável sobre a pandemia, prevenção, tratamento e vacinas".  Segundo Pedro Fiori Arantes, um dos coordenadores do SoU_Ciência, "a opinião pública reconheceu nas falas do presidente uma fonte não confiável de informações como forma, inclusive, de autoproteção e preservação da vida. Escolhas político-ideológicas ficaram em segundo plano, mesmo bolsonaristas em sua ampla maioria não acreditam no que o presidente fala sobre os cuidados na pandemia".  Para Arantes, um dos desafios da pesquisa do centro será compreender o perfil conservador que é pró-ciência, do bolsonarista que coloca a vida acima da confiança no presidente: "o bolsonarismo não é homogêneo. Nosso levantamento está demonstrando que há parcelas importantes dos apoiadores do governo que defendem o SUS, a retomada do financiamento da ciência e da expansão das universidades públicas, mas, precisamos caracterizar melhor quem são eles, pois representam uma dissidência em relação às parcelas mais negacionistas e obscurantistas pró-Bolsonaro".  Entre apoiadores do presidente, que consideram o governo ótimo ou bom, apenas 20,9% (1 em cada 5) acreditam nos pronunciamentos do presidente sobre o tema. O índice, contudo, ainda é 10 vezes superior ao dos que são críticos ao governo: entre estes, apenas 2,2% acreditam no que o presidente fala. Mais pobres (renda até um salário mínimo), com 6,3%, e não-cristão, com 5,4%, também têm baixos índices de confiança nas manifestações de Bolsonaro sobre a pandemia.  Comunicados oficiais  Os comunicados oficiais do governo federal sobre a pandemia, em especial aqueles divulgados pelo ministério da Saúde, contam com maior confiança, 26,8%, número inferior aos comunicados de estados e municípios, que contam com 30,6% de confiança. Ambos os índices, contudo, demonstram o descrédito das instituições ligadas a governos no momento atual.  A população tem preferido se informar por órgãos e espaços de comunicação menos oficiais e mais independentes sobre o tema: TV aberta (44,4%), redes sociais (38,7%), jornais e revistas (35,3%), sites de institutos de pesquisa e universidades (32,1%).  O SoU_Ciência apresentará mais informações sobre esta pesquisa. Aqui, a sociedade fala e nós direcionamos os estudos e as propostas para as políticas públicas.  * Levantamento realizado pelo Centro SoU_Ciência, em parceria com Maurício Moura (George Washington University) e Instituto Idea Big Data. A pesquisa envolveu 1.248 entrevistas, entre 2 e 5 de agosto, com homens e mulheres de 16 anos ou mais, residentes em todas as regiões do Brasil. A amostragem foi feita por cotas segundo perfis da Pnad 2018 e do Censo 2010, realizada via inquérito telefônico a partir de uma central CATI e possui grau de confiança igual a 95%, com margem de erro máxima de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.  Crédito editorial: Marcelo Chello / Shutterstock.com

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