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A Decisão do G7, as Vacinas e o Brasil.

A importante decisão do G7, tomada em reunião de cúpula deste fim de semana, já nos traz um alívio em relação à distribuição de vacinas pelo mundo. Na semana passada, a OMS havia informado sobre o atraso no cronograma estabelecido e que a esta altura já teria mais de 1 bilhão de vacinados. Além disso, também foi verificado um atraso na entrega das vacinas pelo sistema Covax Facility, o consórcio de diversos países, que atingiu agora pouco mais de 70 milhões de vacinados no mundo no início de junho. Paralelamente a isso alguns dos países ricos já vacinaram mais de 75% da sua população, enquanto que o continente africano não chegou a 5% e o sulamericano tem menos de 8%. O Brasil atingiu agora cerca de 25% de sua população vacinada, muito distante das necessidades de mitigação da doença e da prevenção de novos aumentos da mesma onda.

Apesar da decisão do G7 ser importante, é preciso salientar que ela terá efeito somente em 2022. Quantas vidas poderiam ser salvas até ? Organismos internacionais afirmam, que o anúncio é bem vindo, mas precisamos de mais. Além disso, existe ainda a proposta de mais de 100 países atuando junto à OMC, que continuam solicitando a flexibilização temporária das patentes das vacinas para Covid-19. Esta medida poderia facilitar e aumentar a produção em diversos países capazes de produzir biotecnologia, o que aceleraria a distribuição e de maneira mais rápida. Até 2022 temos que produzir mais vacinas, temos que vacinar ao menos 70% da população mundial o que equivaleria a 6 bilhões de pessoas e aproximadamente 10 a 12 bilhões de doses das vacinas. O oferecido pelo G7, portanto, equivale a cerca de 10%.

Até onde sabemos, o Brasil não consta da lista dos países que receberão a doação pelo sistema Covax. O Brasil também não se uniu aos BRICS e continua contrário a suspensão temporária de patentes. Nosso país não tem apoio internacional e não busca nenhum apoio. Estes assuntos foram debatidos também na Assembléia Geral da Saúde e continuará em debate pelos organismos internacionais. O Brasil precisa mudar a sua política internacional e a sua estratégia ou continuará isolado, o que significa que mais vidas serão perdidas, perdas estas que poderão ser evitadas.

De qualquer maneira, a decisão do G7 é importante, é um sinal dos tempos e pode ser de grande ajuda aos países mais pobres do planeta, o que não é o caso do Brasil, que até a bem pouco tempo fazia parte do G8 estendido. Talvez o mais importante agora seja o que este fato traz, a importância de pensar um mundo globalizado, em que o conceito de propriedade possa ser avaliado à luz das desigualdades, em que os produtos para a saúde humana, possam ser considerados bens públicos e não somente bens privados. A doação é um passo para a solidariedade. Mas, queremos mais depois de tanto luto e dor. Queremos um país que proteja sua população e que busque soluções, pois não haverá desenvolvimento ou riquezas se não houver saúde.