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Estudo revela impactos da covid longa e iniciativa denuncia a necropolítica na condução da crise sanitária

A reportagem “A pandemia que não acabou”, veiculada no Le Monde Diplomatique Brasil, apresenta os resultados do estudo “Percepção pública sobre a persistência dos sintomas da covid-19 e estratégias potenciais para enfrentar a covid longa”, publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva. De autoria de Celia Cavalcanti, estudante da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), Soraya Smaili e Pedro Arantes, coordenadores do Centro SoU_Ciência, e os pesquisadores Caio Vinicius Luis, Matheus Henrique Citibaldi, Vanessa Sígolo, Arthur Chioro, Mauricio Moura e Débora Foguel, o artigo revela que os efeitos da pandemia ainda fazem parte da realidade de milhões de brasileiros. Ao completar cinco anos da primeira morte por covid-19 no país, a matéria destaca que a crise sanitária deixou não apenas um número alarmante de óbitos — mais de 715 mil —, mas também impactos prolongados na saúde da população, a chamada covid longa.

Segundo a pesquisa, 33,4% dos entrevistados que tiveram covid-19 entre 2020 e 2023 continuaram apresentando sintomas por três meses ou mais. Fadiga, dor de cabeça, perda de memória e dificuldade de concentração estão entre os efeitos mais recorrentes. O estudo identificou maior prevalência desses sintomas entre mulheres, pessoas sedentárias e não vacinadas. Embora já reconhecida internacionalmente, a síndrome pós-covid ainda é pouco conhecida pela população brasileira e o artigo traz em sua conclusão a necessidade de criação de políticas públicas para conscientização e tratamento adequados.

Crédito: Pedro França/Agência Senado

Paralelamente ao impacto sanitário, o texto chama atenção para a necessidade de responsabilização política pelas ações do governo federal durante a pandemia. Nesse contexto, é apresentado o Acervo da Pandemia de Covid-19, plataforma desenvolvida pelo SoU_Ciência em parceria com outras instituições acadêmicas, coletivos de mídia e familiares de vítimas. O acervo reúne documentos, pronunciamentos oficiais, publicações em redes sociais e materiais jornalísticos que evidenciam a disseminação da desinformação e a omissão do Estado.

A reportagem apresenta recursos do Acervo como a seção “O que diz a ciência”, que confronta falas negacionistas com dados técnicos, e o “Mapa da necropolítica”, que ilustra como discursos públicos moldaram uma política da morte durante a crise, e informa que a proposta é preservar a memória dos fatos, combater a desinformação e contribuir para a formulação de políticas públicas baseadas em evidências. “Não é apenas um momento de registro: é um momento de memória e de reparação”, afirma Soraya Smaili.

Leia o texto completo, de autoria das jornalistas Mariana Ceci e Tamires Tavares, no Le Monde Diplomatique Brasil. Acesse o Acervo da Pandemia de Covid-19.