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Anvisa libera e Paxlovid entra como mais uma ferramenta de combate à doença causada pelo coronavírus

O centro SoU_Ciência recebeu com otimismo a notícia da liberação do uso emergencial do medicamento Paxlovid para tratamento de pacientes com Covid-19 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última quarta-feira (30). O pedido de uso do antiviral fabricado pela Pfizer foi feito à Anvisa no dia 15 de fevereiro, mas somente agora a decisão de liberação foi tomada, durante reunião da Diretoria Colegiada do órgão. 

De acordo com Soraya Smaili, coordenadora do SoU_Ciência e titular do Departamento de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, o uso do Paxlovid é bastante importante em pacientes com imunidade mais comprometida, ou com aqueles que têm doenças de base, além dos idosos que já receberam as vacinas há mais tempo e que têm uma imunossenescência  (processo de deterioração gradual do sistema imunológico decorrente do envelhecimento natural do organismo e consequente aumento da suscetibilidade a infecções, doenças autoimunes e câncer, além de redução da resposta vacinal).

“A liberação emergencial do Paxlovid é uma medida importante e acrescenta em termos de alternativas para aqueles que são infectados pelo coronavírus. O Paxolovid é um inibidor de protease, que é uma enzima que o vírus utiliza para aumentar a replicação e se espalhar. O medicamento ajuda a diminuir a circulação do vírus em pacientes logo nos primeiros dias dos sintomas”, explicou.

No entanto, também de acordo com a farmacologista, toda a atenção é necessária. Ela lembra que o medicamento ainda está em fase de aprovação emergencial, é será preciso acompanhar seus resultados.

“O uso do medicamento deve ser prescrito por médicos especialistas em infectologia e com experiência em tratamento da Covid-19. A liberação da Anvisa é uma notícia importante, porque traz novas possibilidades. Porém, ainda não está disponível no SUS e esperamos que, em breve, possa ser acessível para todas as pessoas que necessitam do sistema público de saúde, já que se trata de uma medida de saúde coletiva”, ressalta Soraya Smaili. 

O Paxlovid vem sendo estudado desde o ano passado pela Pfizer e não substitui a vacina contra a Covid.  Em novembro de 2021 foram publicados dados considerados promissores sobre seus efeitos e, em dezembro último, foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, e também liberado por agências regulatórias do Reino Unido e da União Europeia. Estudos indicam que o medicamento reduz em 80% o risco de hospitalização ou morte em adultos vulneráveis.

O medicamento é o primeiro antiviral para o coronavírus aprovado no Brasil e o primeiro que é de uso oral. Ou seja: o paciente não precisa de hospitalização para ter o tratamento. Também se trata de uma ferramenta importante para o tratamento inicial da doença, principalmente nos primeiros dias dos sintomas, e pode evitar que a pessoa fique gravemente doente.

De acordo com a Anvisa, o Paxlovid não está autorizado para uso por mais de cinco dias. Além disso, como não há dados, recomenda-se que seu uso em mulheres grávidas seja evitado, assim como seja evitada a gravidez durante o tratamento com o medicamento como medida preventiva, e isso até sete dias após o término do tratamento.