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Artigo do SoU_Ciência destaca os perigos da contaminação por microplásticos e a urgência de uma ação coordenada

Tamires Tavares

Estudos conduzidos pela equipe do Prof. Décio Semensatto, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador do SoU_Ciência, trouxeram à tona uma descoberta alarmante: os microplásticos, antes associados principalmente a regiões urbanas, estão amplamente difundidos em sedimentos dos rios amazônicos

Essa presença inesperada na Amazônia, considerada a maior reserva de biodiversidade do planeta, indica que a poluição por microplásticos alcançou uma escala global, penetrando até mesmo em áreas com intervenção humana limitada. Além disso, pesquisas complementares documentaram a ingestão de partículas plásticas por peixes de diversos níveis tróficos nesses rios, sugerindo um impacto profundo e ainda incerto na cadeia alimentar regional.

Enquanto a contaminação por microplásticos alcança regiões remotas, a pesquisa alerta que os riscos não se limitam ao ambiente. Estudos recentes da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Livre de Berlim já encontraram partículas de microplásticos em órgãos vitais de humanos, como cérebro, coração e pulmões, e em nossa corrente sanguínea, evidenciando a ampla penetração desses poluentes em nossa biologia. Os microplásticos chegam ao corpo humano pelo ar, pela água e até pelos alimentos, tornando difícil evitar sua absorção.

As implicações para a saúde humana são consideráveis. Pesquisas publicadas no New England Journal of Medicine e na Frontiers in Endocrinal Medicine sugerem que micro e nanoplásticos podem estar associados a problemas graves, como ataques cardíacos e derrames, além de afetarem o equilíbrio hormonal, com potenciais impactos nos órgãos reprodutivos e em glândulas endócrinas.

Microplásticos podem estar ligados a maior risco de doenças cardiovasculares e desequilíbrios hormonais, afetando tireoide e órgãos reprodutivos”, afirmam estudos. / Créditos: Oregon State University

No Brasil, a gravidade da situação também é observada em outras áreas. Outro estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sobre o reservatório Guarapiranga, principal fonte de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, revelou uma alta concentração de microplásticos, especialmente durante a estação seca e em áreas urbanas. Esses dados reforçam a urgente necessidade de estratégias locais e globais para conter a contaminação.

Esse impacto crescente dos microplásticos sobre ecossistemas e a saúde humana foi abordado em artigo recente do SoU_Ciência publicado no Le Monde Diplomatique Brasil. A análise conduzida pelo Prof. Semensatto e pelas jornalistas científicas Anna Miranda e Mariana Ceci destaca que a solução para essa crise de saúde pública e ambiental está na cooperação entre cientistas e governos, com o objetivo de desenvolver políticas de redução e controle da poluição plástica. Iniciativas como a Rede Colaborativa de Pesquisa em Poluição da Água e Recursos Hídricos (HydroPoll), que reúne universidades brasileiras e entidades ambientais, representam um primeiro passo, mas ainda insuficiente diante da dimensão e da urgência do problema. 

O texto completo está disponível no site do Le Monde Diplomatique Brasil.