Evento mostrou a real necessidade de recomposição e reconstituição dos recursos e orçamentos para as universidades e investimentos na ciência do país
Na tarde de terça-feira (31), o Centro SoU_Ciência promoveu o Seminário: “O Financiamento da Educação e da Ciência no Brasil”, com apoio da Folha de São Paulo e do Instituto Serrapilheira. O Seminário detalhou como funciona o financiamento nessas áreas no Brasil, em especial nas universidades federais e institutos de pesquisa, responsáveis por boa parte da produção científica no país.
Com a participação de Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Fernanda de Negri, economista e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Nelson Cardoso Amaral, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca), e Soraya Smaili, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora do SoU_Ciência, o evento que contou com a mediação da jornalista Ângela Pinho, da Folha de S.Paulo, mostrou como os contínuos cortes no orçamento destinado à Educação praticado nos últimos anos impactam as instituições bem como o desenvolvimento do Brasil.
Logo no início do evento, Soraya Smaili fez uma breve explanação sobre o trabalho desenvolvido pelo SoU_Ciência, seus integrantes, incluindo os 36 membros do Comitê Científico e anunciou o edital para a formação do Conselho da Sociedade que será lançado em julho, no Dia Nacional da Ciência, data comemorativa também do primeiro ano do centro, e que representará a sociedade civil organizada.
A professora e pesquisadora do SoU_Ciência falou também sobre as sete linhas de pesquisas do SoU_Ciência, a ações e cursos já promovidos, sobre as pesquisas de opinião já realizadas e divulgadas pela mídia, e sobre os painéis que serão apresentados nos meses de junho de julho, resultantes das linhas de pesquisas do centro.
“Na semana de 13 a 16 de junho, por exemplo, vamos apresentar um painel quantitativo e qualitativo sobre a Atuação das Universidades Federais na Pandemia em defesa da Vida, numa parceria com a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior). Trata-se de um grande levantamento de mais de 1.200 ações realizadas durante o auge da pandemia de Covid-19, que trará a todos uma reflexão e um legado das nossas universidades para a sociedade brasileira”, disse Soraya.
O segundo painel anunciado será o do Financiamento da Educação Superior Pública, Ciência e Tecnologia, com lançamento previsto para a semana de 20 de junho. Este painel apresentará três blocos de dados, com uma análise histórica dos orçamentos da Educação, Ciência e Tecnologia, de Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa e de Universidades Federais.
Fernanda de Negri, economista e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), fez questão de ressaltar que sem investimento em produção de ciência e tecnologia não há desenvolvimento econômico. “A ciência e a tecnologia são o grande motor do desenvolvimento dos países a longo prazo, tanto na melhoria da qualidade de vida, no aumento da expectativa de vida, na melhoria da eficiência da produtividade, entre tantas outras questões, e isso já está consolidado na ciência econômica”, frisou, iniciando sua apresentação de dados sobre investimentos em C&T no mundo.
A professora da Unifesp e presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, complementou os dados apresentados por Fernanda de Negri, falando sobre a Lei Complementar nº 177, de 2021 e sobre os recentes cortes e bloqueios no orçamento federal que estão afetando seriamente o financiamento da Ciência e Tecnologia no Brasil. “Tudo que está acontecendo é muito sério e toda a sociedade precisa saber”, ressaltou.
O professor Nelson Cardoso Amaral, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca), apresentou dados sobre o financiamento das universidades federais, entre 2014 e 2021, e ressaltou também os cortes lineares de 14,5% dos recursos de custeio e investimento nas universidades ocorridos recentemente.
O Seminário teve duração de duas horas e abriu espaço para várias perguntas do público sobre o tema, além de ter gerado um grande debate sobre a importância da recomposição e reconstituição dos recursos e orçamentos para as universidade e ciência e tecnologia do país.
Quem não pode acompanhar o seminário ao vivo, pode ter acesso aos dados apresentados na página do Youtube do centro SoU_Ciência.