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Evento promovido pela Academia de Ciências da Bahia discutiu como a integração de grandes bases de dados pode orientar políticas públicas

Tamires Tavares

O Centro SoU_Ciência participou, no dia 3 de junho, do primeiro webinário da série promovida pela Academia de Ciências da Bahia sobre os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) com sede no estado. A atividade marcou a apresentação oficial do INCT DigiSaúde, referência nacional na integração de grandes bases de dados e no uso de tecnologias digitais aplicadas à saúde pública.

Coordenado por Manoel Barral-Netto e com vice-coordenação do epidemiologista Maurício Barreto (Fiocruz Bahia), o DigiSaúde reúne uma rede de pesquisadores e pesquisadoras de diferentes áreas e instituições — como Fiocruz Bahia, UFBA, Unifesp, USP, UFMG, UFPE, Unesp, Universidad Autónoma de México, Emory University e London School of Economics — com o objetivo de desenvolver métodos e sistemas para apoiar a vigilância epidemiológica e a formulação de políticas públicas baseadas em evidências.

Representando a professora Soraya Smaili, coordenadora do SoU_Ciência e integrante do INCT, a pesquisadora Dr.ª Marina Mendes da Costa apresentou as contribuições do centro de estudos nas áreas da pesquisa e da comunicação científica. Ela destacou que “reforçamos a divulgação científica como um grande eixo estratégico para a concretização de todas essas ações”. Segundo Marina, a comunicação no projeto está estruturada em quatro grandes eixos: “a divulgação científica propriamente dita, a percepção pública, o combate à desinformação e a participação social”.


Reprodução YouTube/Academia de Ciências da Bahia


Marina ressaltou que “a desinformação sempre foi historicamente política e ideológica. Toda informação divulgada não é neutra. A desinformação tem claramente uma intenção política na manipulação das informações”. Para ela, a divulgação científica tem um papel primordial no enfrentamento desse cenário, especialmente no campo da saúde pública.

Durante sua fala, ela também apresentou exemplos concretos de ações do SoU_Ciência que dialogam com os objetivos do DigiSaúde, como o Painel Universidades Federais em Defesa da Vida, desenvolvido em parceria com a Andifes, e o Acervo da Pandemia de Covid-19, uma plataforma que reúne evidências sobre a gestão da crise sanitária, em colaboração com movimentos sociais como a Avico Brasil. “Para cada material de desinformação, nossa equipe produziu uma nota explicando o que a ciência diz sobre aquilo”, relatou.

O evento foi mediado por Maurício Barreto e contou ainda com apresentações de Maria Yury Ichihara, Pablo Ramos e Viviane Boaventura, todos da Fiocruz Bahia e da UFBA. Os palestrantes explicaram como a análise integrada de dados populacionais, clínicos, climáticos e administrativos pode auxiliar na prevenção e resposta a agravos como doenças respiratórias, diarreicas, arboviroses e anemia falciforme.

Maria Yury destacou a experiência do Cidacs na criação da Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, usada para avaliar desigualdades em saúde e o impacto de políticas como o Bolsa Família. Pablo Ramos detalhou estratégias de detecção precoce de surtos por meio de dados massivos e inteligência artificial, enquanto Viviane Boaventura apresentou o conceito de saúde pública de precisão, com foco na prevenção de complicações em populações vulnerabilizadas e na avaliação da efetividade de vacinas no Brasil.

O webinário reforçou a importância da ciência de dados integrada e transdisciplinar na produção de conhecimento útil à gestão pública em saúde. A gravação do evento está disponível no canal da Academia de Ciências da Bahia no YouTube.