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Depois de extinguir MinC, governo federal coloca prédio histórico do ministério em “feirão”

O Governo Bolsonaro segue acumulando troféus na destruição das instituições brasileiras, em especial na área de educação, ciência e cultura. Depois de extinguir o Ministério da Cultura, relegado a uma secretaria itinerante, agora é a vez de tentar colocar à venda em um “feirão de imóveis” o Palácio Capanema, no Rio, edifício que abrigou o Ministério até sua transferência para Brasília. Trata-se de um marco da arquitetura moderna, não só brasileira, um esforço de colaboração entre arquitetos brasileiros (entre eles Niemeyer e Lucio Costa) com Le Corbusier, o arquiteto franco-suiço que liderava a renovação da arquitetura mundial.

O Palácio Capanema, além de ser uma das obras mais relevantes e revolucionárias da arquitetura moderna internacional (apresentado no MoMA como destaque na famosa exposição Brazil Builds, de 1943) está em fase final de reforma completa, estimada em mais de 100 milhões de reais, para ser devolvido como espaço cultural ao Rio e ao povo brasileiro. Mas, o Ministro Paulo Guedes quer vendê-lo em um “feirão”, como metro quadrado qualquer a ser “desestatizado” e fazer caixa para um governo que mantém um “orçamento paralelo” para comprar base de apoio.

Vender patrimônio imobiliário da União, criteriosamente e preferencialmente para usos sociais (como habitação popular), é uma iniciativa bem-vinda quando são imóveis em estado de abandono e sem valor histórico. Mas vender edifícios públicos tombados pelo patrimônio histórico, marcos urbanos e ainda recém-reformados, é sinal de barbárie.

Um projeto de terra arrasada move este governo, em especial em sua cruzada contra a cultura e a educação, no ataque às instituições e ao patrimônio que beira a delinquência. O que pensar de um país sem Ministério da Cultura e que põe em leilão seu patrimônio histórico mais valioso?

Crédito da foto: Marcos Leite Almeida

Comentário sobre as seguintes notícias:

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[Pedro Arantes é professor da Unifesp e pesquisador do SOU_CIÊNCIA]