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Possivelmente para atrair eleitores, candidatos enaltecem ocupações que também deveriam ser prestigiadas ao final das eleições

Apesar do desprestígio e da desvalorização enfrentada por professores e pesquisadores atualmente no país em razão da política de sucateamento da ciência e da educação, setores que enfrentam os maiores cortes orçamentários deste governo, vem da própria classe política que inicia a corrida eleitoral um dado curioso: na lista do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formada por 28.632 pedidos de registro de candidaturas, os títulos mais usados por candidatos no nome de urnas para as eleições de 2022 são, justamente, 'doutor', 'doutora', 'professor' e 'professora'.
 Na análise realizada pela rede CNN, a designação mais usada pelos candidatos(as) - cerca de 4% ou 1.126 registros – é a de 'doutor(a)', seguido por 'professor(a)', com 1.108 indicações.
 Para Soraya Smaili, coordenadora do centro Sou_Ciência, "o levantamento revela que mesmo diante de um cenário tão ruim para essas áreas no que se refere aos recursos necessários para garantir os respectivos desenvolvimentos, essas designações ainda permanecem coladas em valores como respeito, experiência e outras virtudes que o candidato tenta passar ao seu potencial eleitor".
 Na lista dos 10 termos mais recorrentes na apresentação dos(as) candidatos(as) também estão contemplados a designação enfermeiro(a), "também virtuosos, respeitados e valorizados pela sociedade em razão de todo o trabalho e atuação brilhante durante a pandemia", diz Soraya.
 Os termos 'pastor(a)" e outros seis relacionados à segurança pública, como 'sargento', 'coronel', 'delegado(a)', 'tenente', 'cabo' e 'capitão(ã) integram a lista dos 10 mais.
 

"É uma pena que o respeito e valorização de quem tanto faz para a educação, ciência e, inclusive para a saúde de nosso país, acontece apenas na hora de definir a nomenclatura para o período eleitoral sem, muitas vezes, ter a mesma valorização após a definição das urnas", destaca Soraya Smaili.