Análise
A série histórica de 2000 a 2024, apresentada no Gráfico Investimento em infraestrutura e Patrimônio a partir dos dados relativos às despesas liquidadas com investimentos em infraestrutura e material permanente, revela a ocorrência de sete movimentos distintos ao longo do período. A análise dos dados evidencia o quanto o orçamento das universidades federais, em particular no que concerne ao investimento em infraestrutura e patrimônio, é impactado pelas mudanças na chefia do poder executivo federal e demais variações conjunturais. Os resultados demonstram que, no Brasil, esse tipo de investimento ainda carece de estabilidade e continuidade, características de uma Política de Estado.
Entre 2000 e 2002 (governo FHC), observa-se uma retração acumulada de -42,4% nos investimentos em infraestrutura e material permanente, o que equivale a uma queda média anual de -24,1%.
No período seguinte, entre 2003 e 2010 (governos Lula 1 e Lula 2), apesar de uma retração no biênio 2007/2008, observa-se uma forte expansão das universidades federais, refletida em um crescimento acumulado de 246,9% nas despesas liquidadas com investimentos, com média anual de 23,0%. Este aumento ocorreu no contexto do Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que teve como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na educação superior pública nas universidades federais.
Entre 2011 e 2014 (governo Dilma 1), os investimentos continuam em trajetória ascendente, com crescimento de 30,4% no período, atingindo em 2014 o pico da série histórica, com R$ 1,7 bilhão liquidados em investimentos.
A partir de 2014, observa-se uma forte inversão da tendência. Entre 2014 e 2019 (governos Dilma 2 e Temer), ocorreu uma redução acumulada de -87,5%, o que representa uma queda média anual de -34,0% nos investimentos nas universidades federais.
Entre 2019 a 2022 (governo Bolsonaro), já sobre uma base orçamentária reduzida, os dados indicam estabilidade, com uma leve retração de -3,1% no acumulado do período.
Em 2023, primeiro ano do governo Lula 3, verifica-se uma retomada dos investimentos em infraestrutura, com crescimento de 34,1% em relação ao ano anterior. Contudo, essa aparente reversão foi frustrada em 2024, quando os investimentos sofreram uma queda de -41,5%, levando os valores ao segundo pior patamar da série histórica, representando menos de 10% dos valores liquidados em 2014.