Publicações sobre Covid

Nota Metodológica

 

 

Houve um crescimento rápido de pesquisas sobre o tema Covid-19, partindo de 0,04% das publicações mundiais em 2019 até 5,1% em outubro de 2022.

A importância do tema fica evidente quando comparado com outros temas de pesquisa. Já em 2020, as publicações sobre Covid-19 alcançaram a marca de 3,0% das publicações mundiais, ultrapassando temas tradicionais, como Mudanças Climáticas (1,2%) e temas emergentes, como Inteligência Artificial (2,2%), mantendo-se à frente desses temas até o momento da coleta destes dados.

Também pode-se considerar o fato de que o volume das publicações sobre Covid-19 se aproximou nesse período do tema Câncer, consolidado há muitos anos em 8% das publicações mundiais.

 

 

O Brasil acompanhou e ultrapassou a tendência mundial. As publicações sobre Covid-19 também se intensificaram rapidamente, chegando a representar 5,8% das pesquisas em 2021 (15,5% a mais que o índice mundial). Essa produção ultrapassou os temas de Mudanças Climáticas, Inteligência Artificial e até mesmo as pesquisas dedicadas ao Câncer.

 

 

Tanto o número absoluto de publicações como a participação do tema Covid-19 no total de publicações mostram que a comunidade científica internacional agiu rapidamente na mobilização para pesquisar o tema da Covid-19, em resposta ao desafio imposto pela pandemia. 

A comunidade científica brasileira mostrou comportamento semelhante à internacional quanto à mobilização para a pesquisa sobre Covid-19. O tema alcançou grande importância atingindo 5,6% das publicações brasileiras, acima da média mundial de 4,8% das publicações.

Vale ressaltar que em 2019, antes mesmo da formalização da Pandemia, já havia pesquisa sobre Coronavirus, com 1.011 publicações no ano. Essa base de conhecimento foi essencial para que as pesquisas sobre Covid-19 não partissem do zero no momento em que foi necessário responder ao desafio da Pandemia e ilustra como é estratégica a liberdade de pesquisa, para diversificação e ampliação das fronteiras do conhecimento.

 

 

As Instituições de Ensino Superior Públicas Federais são as que mais contribuíram para a publicação brasileira sobre a Covid-19. A cada 10 publicações brasileiras sobre o tema em 2022, 6 publicações tiveram a autoria de ao menos uma IES Federal.

 

 

 

As pesquisas brasileiras sobre Covid-19 envolveram colaboração com instituições dos 5 continentes. Em cada 10 publicações de autores de instituições brasileiras sobre o tema, 3,8 contaram com a colaboração de ao menos uma instituição de outro país. No tema da Covid-19, a colaboração internacional está acima da média da produção geral de autores de instituições brasileiras no mesmo período, que foi de 35%. Ou seja, a colaboração internacional na pesquisa em Covid-19 foi 10% superior à média. 

As colaborações internacionais são importantes pois ampliam a capacidade intelectual e material para a realização das pesquisas, permitem intercâmbio de conhecimentos e potencializam a repercussão dos resultados alcançados. Por outro lado, as publicações sem colaboração internacional mostram a competência do país, apenas com seus próprios recursos materiais e capacidade intelectual, para realizar pesquisa de ponta.

A tabela acima mostra que as colaborações internacionais exercem papel de destaque na pesquisa brasileira, atingindo 38,4% das publicações do país no tema. As colaborações ocorreram principalmente com países da Europa (25%) e das Américas (23,1%). Mas as colaborações com países da Ásia (10,8%), África (5,5%) e Oceania (5,4%) representam também contribuições significativas para a pesquisa brasileira.

 

 

Os países com quem o Brasil mais colaborou nas pesquisas sobre Covid-19 foram os Estados Unidos e o Reino Unido, que compõem com a China os 3 países com mais publicações indexadas na base de dados Scopus. 

 

 

O gráfico apresenta o volume de publicações sobre Covid-19 de autores de instituições brasileiras indexados na Scopus, por área de conhecimento. A predominância da Medicina era esperada, mas cabe destaque para Ciências Sociais, Imuno e Microbiologia e também Bioquímica, Genética e Biologia Molecular. 

 

 

A visualização demonstra o peso das publicações sobre Covid-19 comparadas às publicações totais, por área de conhecimento. Quanto maior o círculo, maior a porcentagem de publicações sobre Covid-19 sobre as publicações totais. Merecem destaque: Medicina, Enfermagem, Imuno e Microbiologia e Psicologia.

 

 

O gráfico evidencia quais áreas de conhecimento tiveram percentualmente maior destaque, comparando publicações de autores de instituições brasileiras com publicações mundiais totais. Quanto maior o círculo, maior a participação brasileira na produção de conhecimento na área. Tiveram destaque as áreas de: Odontologia, Enfermagem e Neurociência.

 

 

Este mapa permite a visualização georreferenciada das colaborações internacionais com a produção científica brasileira sobre Covid-19, por Instituição de Ensino Superior (IES).

 

 

Essa visualização dinâmica permite consultar as publicações com colaboração internacional, indicando os países com os quais autor(es) de cada instituição brasileira colaborou em publicações sobre Covid-19.

 

 

Considerar o número de publicações de instituições brasileiras de ensino superior por número de docentes de cada instituição é um indicador importante para equilibrar instituições de portes diferentes em uma mesma comparação. Destacam-se entre as IFES, a Unifesp e a UFCSPA, que possuem áreas de saúde maiores do que a média; entre as IES Estaduais, a USP e a Unicamp; e entre as privadas, a FGV.  

 

 

Ao clicar em cada categoria pode-se visualizar em ordem crescente ou decrescente os totais de Docentes, de Publicações e da relação Publicações/Docentes.

Figura 1: Colaboração científica entre IFES na publicação sobre Covid-19, figura 1

Colaboração científica entre IFES na publicação sobre Covid-19, destacando a proximidade de atuação entre elas, 2019-2022

Na figura, o posicionamento dos círculos representa a maior proximidade de colaboração entre as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES).

 

O tamanho das  está relacionado ao total de artigos publicados em colaboração entre IFES (artigos sem colaboração entre IFES não constam nesse grafo).

As cores representam 7 grupos de colaboração mais intensa entre IFES formando "clusters". Assim, é possível identificar as principais parcerias no desenvolvimento de pesquisas sobre Covid-19. Os agrupamentos expressam tendências regionais e/ou inter-regionais.

As linhas entre círculos representam as iniciativas de colaboração. Sua espessura está relacionada ao número de artigos em coautoria entre IFES.

É possível observar que:

1) A Unifesp, a UFRJ e a UFMG atuam como principais elos de ligação entre os clusters, apresentando um posicionamento estratégico na rede de colaboração, possibilitando o acesso a diferentes contextos sobre o desenvolvimento das pesquisas sobre Covid-19.

2) A UFMG e a UFRJ apresentam comportamento similar, estruturante das redes em sua região de atuação, centralizando as parcerias em torno delas com blocos regionais.

3) A Unifesp apresenta uma atuação significativa com a região Sul, em especial com a UFRGS, com destaque para a sua força de intermediação com instituições de outras regiões.

4) A UFBA e a UFPE lideram os clusters que agregam a totalidade das universidades nordestinas, que têm maior colaboração entre si. A UFBA é o principal elo de ligação com outras regiões.

5) O cluster rosa, liderado pela UnB, destaca-se como o mais inter-regional. 

Figura 2: Colaboração científica entre IFES na publicação sobre Covid-19, destacando a proximidade de atuação entre elas, 2019-2022

Colaboração científica entre IFES na publicação sobre Covid-19, destacando a proximidade de atuação entre elas, 2019-2022

Este grafo possui estrutura idêntica ao anterior, no entanto, as suas cores estão associadas às regiões do país de cada IFES e não mais aos clusters. Com isso, análises sobre os comportamentos das IFES ficam ainda mais evidenciadas.

É possível observar:

1) As IFES do sudeste, em amarelo, apresentam uma maior conexão com as universidades de outras regiões e são estruturantes do sistema de colaboração científica nacional.

2) As IFES nordestinas são mais conectadas entre si do que com as IFES de outras regiões.

3) A UFRJ e a UFPE apresentam um comportamento intra-regional nas suas iniciativas de  colaboração, respectivamente com sudeste e nordeste.

4) A Unifesp apresenta atuação significativa com a região Sul, em especial com UFRGS, com destaque para a sua força de intermediação com universidades de outras regiões.

5) Ressalta-se que o cluster liderado pela UnB possui a maior colaboração inter-regional.

 

Figura 3: Colaboração científica inter-regional entre IFES na publicação sobre Covid-19, destacando o papel das universidades estruturantes da rede, 2019-2022

Colaboração científica inter-regional entre IFES na publicação sobre Covid-19, destacando o papel das universidades estruturantes da rede, 2019-2022

 

Esta é uma nova forma de visualização de rede. 

Na figura, é possível identificar o papel estruturante (central) das universidades na rede de colaboração inter-regional. 

No cluster, os círculos representam as IFES e o seu tamanho está relacionado ao total de artigos publicados pela IFES em colaboração.

As cores representam as 5 regiões brasileiras.

As linhas representam as iniciativas de colaboração. Sua espessura indica a intensidade dessas iniciativas, elaborada a partir do número de artigos em coautoria entre IFES.

É possível observar:

1) As universidades da região Sudeste desempenham um papel central na rede de colaboração para o desenvolvimento de pesquisas sobre Covid-19 (em especial Unifesp, UFMG e UFRJ), com clara hierarquia e liderança em relação às demais regiões.

2) Sistemas complementares são os do Sul (com destaque para UFRGS) e do Nordeste (com destaque para a UFBA). O centro-oeste, menos numeroso, tem como destaque a UnB. 

3) Unifesp, UFMG e UFRJ, como veremos noutros gráficos, são também as que mantêm maiores conexões com Fiocruz, Butantan, USP, Unicamp e grandes Hospitais de pesquisa, reforçando a centralidade do Sudeste.  

 

Figura 4: Colaboração científica entre instituições brasileiras em publicações sobre Covid-19, com mais de 5 artigos em coautoria, destacando a proximidade entre instituições, 2019-2022

Colaboração científica entre instituições brasileiras em publicações sobre Covid-19, com mais de 5 artigos em coautoria, destacando a proximidade entre instituições, 2019-2022

Ao incluirmos todas as diferentes naturezas de instituições, o grafo muda em sua estrutura. Agora além das IFES, estão os Institutos de Pesquisa (Federais e Estaduais), as Universidades Estaduais, Privadas (com e sem fins lucrativos) e Hospitais. 

Os círculos e seu tamanho, novamente, representam o número de publicações em colaboração entre Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT) brasileiras.

 

As cores representam 7 clusters de ICT, que no período analisado apresentaram significativos esforços de colaboração, tornando possível identificar as principais parcerias no desenvolvimento de pesquisas sobre Covid-19.

As linhas representam as iniciativas de colaboração. 

A sua espessura está relacionada à intensidade dessas colaborações, identificada a partir do número de artigos em coautoria entre as ICTs.

É possível observar:

1) A atuação da USP como principal produtora de publicações e elo de ligação entre as ICT, ocupando posição central (estruturante) na rede de colaboração, com uma diversidade de instituições, em especial junto à Unifesp, Fiocruz, e UFMG.

2) A Fiocruz, como instituto de pesquisa, e a Unifesp, como universidade federal, merecem destaque pelo volume de publicações em colaboração com as demais ICT.

3) O cluster amarelo compreende 49,5% do total de ICT da rede de colaboração brasileira, com destaque para a presença das IES públicas estaduais paulistas e para o Hospital Albert Einstein.

Figura 5: Colaboração científica inter-regional entre IFES na publicação sobre Covid-19, destacando o papel estrutural da instituição na rede, 2019-2022

 Colaboração científica inter-regional entre IFES na publicação sobre Covid-19, destacando o papel estrutural da instituição na rede, 2019-2022

Com um grafo da mesma estrutura da Figura 4, visualizamos agora a tipologia das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT) brasileiras.

As cores representam as diferentes ICT que, no período analisado, apresentaram significativos esforços de colaboração, tornando possível identificar as principais parcerias no desenvolvimento de pesquisas sobre Covid-19.

As linhas representam as iniciativas de colaboração e a sua espessura está relacionada à intensidade dessas colaborações, identificada a partir do número de artigos em coautoria entre as ICT.

É possível observar:

1) O cluster apresentado em amarelo no grafo anterior e liderado pela USP é o mais complexo na diversidade de instituições públicas, privadas, de ensino, pesquisa e hospitais, criando o ecossistema dominante de pesquisa e ciência aplicada do país.

2) A Fiocruz lidera o segundo cluster mais importante e também desempenha um papel relevante, aglutinando os esforços de uma diversidade de tipologias de instituições, mantendo também forte conexão com a USP e seu cluster.

3) Destacam-se entre as contribuições das universidades estaduais, depois da USP, a Unicamp, a Uerj e a Unesp.

4) A Unifesp é a principal conexão do sistema federal de ensino e pesquisa com as universidades estaduais paulistas e com os principais Hospitais de pesquisa.