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Universidades foram elo fundamental da vigilância epidemiológica na pandemia

Uma das áreas mais estratégicas para a tomada de decisão e orientação de políticas públicas na área de saúde, e que se torna ainda mais crucial em situações como a que vivemos, é a da vigilância epidemiológica, como monitoramentos e análises. Sem ela, a política de atenção é apenas reativa, o que vimos com os hospitais lotados e o crescimento dos óbitos, sem a capacidade de se antecipar aos problemas e tomar decisões preventivas ou de redução de danos.

As universidades públicas foram parceiras fundamentais do SUS e das secretarias de saúde na produção de relatórios, boletins e painéis de dados em tempo real da pandemia, para definir critérios de atenção, calendários, medidas complementares (como o fechamento temporário de atividades). Centros de pesquisa em quase todas as universidades federais mantiveram grupos atuando em alguma forma de vigilância ou monitoramento, local, regional ou mesmo nacional. Com isso, forneciam de modo sistemático e contínuo a coleta, análise e interpretação de dados. Os gestores públicos puderam contar com esses centros, observatórios e painéis para produzir informações confiáveis e recomendações, indicando possíveis medidas de prevenção e de controle para impedir a disseminação do vírus e proteger a população.

Vejamos alguns dos destaques. A UFMG realizou estudo epidemiológico na cidade de Belo Horizonte para estabelecer critérios de prioridade de vacinação, com base nos índices de mortalidade por região. A Federal de Santa Maria criou um Observatório e um painel online com panorama diário de evolução de casos, com análises sobre condições de desigualdade social e locais precários. A Federal Tecnológica do Paraná desenvolveu um mapa de casos Covid no estado e um painel de monitoramento em tempo real, analisando padrões de estatística espacial e apoiando decisão de gestores públicos. A Unipampa monitorou o interior do Rio Grande do Sul com seu Observatório de Políticas Públicas. A UFABC monitorou casos, testagens e internações na região do ABC paulista.

Em São João del Rei, a UFSJ incorporou ao seu Observatório Urbano o monitoramento de casos Covid, com publicação semanal de relatórios. A Universidade de Grande Dourados também realizou monitoramento local e recomendação de barreiras sanitárias. No Oeste da Bahia, a UFOP monitorou casos nos municípios da região. No Oeste do Pará, a UFOPA fez o mesmo tipo de mapeamento com painel do Laboratório de Aplicações Matemáticas. A UnB também mobilizou matemáticos e estatísticos para modelagem de vigilância. A UFPel monitorou o Rio Grande do Sul, com foco em populações idosas e vulneráveis. Em Natal, a UFRN mobilizou seu Instituto Metrópole Digital para a análise epidemiológica.

A vigilância epidemiológica também atuou em monitoramentos temáticos, como grupos de risco, saúde mental e populações vulneráveis. Como já mencionamos nos estudos anteriores, houve ampla mobilização para apoio a comunidades indígenas, quilombolas, periferias e favelas. Acompanhando essa assistência, as universidades fizeram monitoramento de casos e probabilidades. A Federal do Maranhão monitorou territórios Quilombolas; no Pará, a UFPA monitorou populações indígenas e refugiados; a UFMG e a UFSM monitoraram casos de saúde mental, depressão e ansiedade; em São João Del Rey, foram mapeados pacientes em tratamento por diálise; em Brasília, o acompanhamento foi das vítimas de violência doméstica.

Um dos focos de pesquisa epidemiológica foi a contaminação de água e esgoto pelo vírus da Covid-19, um tema clássico de estudos de transmissão de doenças. Ficou comprovado que o vírus não era transmitido por água ou esgoto, apesar da eliminação viral por fezes, mas essa foi umas das hipóteses que precisou rapidamente ser testada e monitorada. Entre as universidades que declararam essa linha de pesquisa epidemiológica estão as Federais de Minas (UFMG), de Lavras (UFLA), do Oeste do Pará (UFOPA), do Paraná (UFPR), de Brasília (UnB) e a Tecnológica do Paraná (UFTPR).

Algumas universidades colaboraram no monitoramento de lotação de leitos hospitalares destinados à Covid, colaborando para otimizar a destinação de pacientes, reduzir as filas e a sobrelotação. No Rio Grande do Norte, a UFRN criou um gerenciamento inteligente articulando as redes pública e privada. No Rio Grande do Sul, a Unipampa monitorou a taxa de ocupação de leitos e adisponibilidade em tempo real em municípios da região de São Borja.

Os grupos de vigilância, assim como a área clínica e de vacinas, formaram a linha de frente de combate do negacionismo, em defesa da vida. Sem suas análises e recomendações, a tragédia brasileira teria sido ainda maior. Esses centros se conectaram com o SUS e as secretarias municipais e estaduais por meio de fóruns, conselhos e consórcios, como já discutimos noutro estudo de caso. Assim, formaram um elo de solidariedade fundamental no sistema nacional de atuação na pandemia.

 

 

Links para matérias das universidades:

UFPR atua na vigilância da covid-19

UFSCAR atua em vigilância e outras frentes no projeto “Brasil conta comigo”

UFSJ atua contra a pandemia no Observatório Urbano de São João del-Rei

UFABC faz monitoramento da Covid

UFGD colabora no monitoramento de casos de COVID

UFOB atua no monitoramento de casos 

UFOP atua no rastreamento da Covid

UFPEL realizou mapeamento dos casos no estado e grupos de risco

UFRN desenvolve plataforma para monitoramento da Covid

UFSM cria observatório socioeconomico da Covid

UnB cria projetos de monitoramento com modelo bayesiano 

UNIPAMPA monitora casos covid

UFSM monitora saúde mental na pandemia

UFMG cria projeto para monitorar Covid no esgoto

 

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